18 de setembro. O dia mais quente do ano. A noite mais quente do ano.
A Noite dos Mosquitos Fototrópicos.
Está acontecendo com vocês, também? Já passava da meia noite quando percebi. Quem mandou eu deixar as janelas abertas? Sobre a cama, um travesseiro branco. Sobre o travesseiro, dezenas de mosquitos minúsculos, quase imateriais, mosquitinhos caramelo. Mortos. Olho diretamente acima do travesseiro. Lá estava a lâmpada, e muitas outras dezenas, não, centenas de exemplares do bichinho caramelo descrevendo círculos fascinados. Enquanto eu olho, estupefato, um deles afrouxa o vôo e cai, espiralando, desfalece sobre o travesseiro, como a demonstrar-me uma tese.
Não tenho inseticida. Apaguei a lâmpada do quarto e acendi a do corredor, esperando atraí-los. Alguns morderam a isca, outros continuam na expectativa, pousados na parede da minha cabeceira. Cada mínima fonte de luz da casa está rodeada por um enxame ansioso e descomunal.
Está acontecendo com vocês, também?
Alguns fenômenos entomológicos duram apenas um dia, ou uma noite. Um dia comentei sobre A Noite das Formigas Voadoras. Em Brasília, acontece pouco antes do Ocaso das Cigarras, ou seja, em princípios de fevereiro. Uma noite em que o ar inteiro se enche de formigas com asas.
Hoje é a noite dos mosquitinhos fototrópicos. Apaguem as luzes, liguem os ventiladores. E aqui termino, pois já estão avançando, sorrateiros, sobre a tela luminosa do Powerbook.